sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
sábado, 24 de dezembro de 2016
MESTRE BIMBA E O XAVANTE - BY MESTRE ACORDEON
Quase
no final de um daquele dia, um jovem desconhecido entrou desafiante
no terreiro repleto. Com arrogância, a musculosa estatura
do Xavante cor de cobre olhou a todos de cima de sua altura.
Imediatamente tornou-se evidente que ele não estava só. Dependurado
num colar de contas coloridas, ele carregava junto ao coração um
saquinho recheado de coisas mágicas, mandinga forte preparada pela
sua mãe-de-santo. Uma aura poderosa envolvia sua imagem de guerreiro
acostumado ao combate, um vencedor. Realmente não estava só.
Mestre
Bimba parou o jogo e lhe indagou mudo com um olhar cortante:
-Quem é
você para interromper a minha festa?
O
estranho não lhe respondeu de pronto. Foi entrando até parar no
meio da roda. “Vim do Recôncavo prá jogar com você, seu Manuel!”
O
espanto amordaçou o pessoal e um silêncio de chumbo fundiu-se no
ar. Ninguém jamais se dirigira ao Mestre
daquela maneira. Em poucos segundos, acordando do estupor causado
pela surpresa, vários alunos pularam à frente em defesa do velho
mestre. Bimba acalmou a todos e convidou o visitante a se agachar no
pé do berimbau, como manda o catecismo das
tradições e o ritual de se iniciar
o jogo.
Então,
puxou a ladainha com voz forte e emoção.
Ieeeeeeh!
Ieh tava
em casa!
Ieh tava
em casa,
Sem pensá
nem maginá!
Quando
ouvi batê na porta,
Levantei
prá espiá.
Era uma
cabra muito ousado
Me
chamando prá jogá.
Hoje o
dia é de festa, veja só…
Veio aqui
para brigá.
Num tem
nada, meu colega,
Tá na
hora, vamos lá,
Um mundo
dá muitas voltas
Essa
volta vamos dá, camaradinho…
Eh, viva
meu Deus…
Viva a
capoeira
É
regioná…
Gigante
mandou um São Bento Grande bem marcado no seu gunga de lei, e o coro
rolou:
-Qué dá
no meu mestre, no mestre você não dá!
Uma
comichão nervosa instigou a alma dos presentes, excitação no ar.
No pé do berimbau estavam prontos. Era hora de lutar. De um lado, o
jovem atlético tinindo para desfechar ataques mortais. Do outro, o
velho mestre com as juntas enrijecidas pela idade e as pernas
varicosas geralmente pesadas e lentas. Porém, havia algo de especial
nos seus olhos, na sua postura. Uma tranquilidade alerta.
Eles se
cumprimentaram, tocaram o chão em frente e invocaram as bençãos
dos orixás. O clima amistoso de minutos atrás cedera lugar a uma
nuvem carregada que antecipava tempestade. A Brincadeira de Angola
estava a ponto de se tornar numa luta verdadeira no ritmo forte de
São Bento Grande de Regional. Somente aqueles que já experimentaram
um jogo na maldade verdadeira podem imaginar o arrepio de fogo que
escorre espinhaço abaixo preparando o corpo na expectância do
combate prá valer.
Naquele
momento o desafiante preparou um “au” elástico e ligeiro em
direção
ao centro da roda. O velho Mestre
pôs as mãos no chão
e
deu um salto mal feito e feio, um “au” todo encurungunjado como
ele costumava dizer. Rápido que nem um corisco, Bimba terminou o
movimento antes do outro capoeirista completar o seu, esquecendo o pé
flutuando no espaço como enorme marreta pronta para esbagaçar o
mundo.
Carregado
pelo impulso do seu próprio movimento, o jovem desafiante colidiu
contra a bigorna à prumo que fora coloca displicentemente num local
escolhido com precisão. O impacto foi tremendo
e o homem se projetou no meio dos expectadores surpresos, desistindo
do jogo antes mesmo dele começar. Dolorido, a boca sangrando a
cuspir pedaços de dentes, exclamou esputefato: “Que é isso,
mestre...que é isso?”
O velho
mestre sem lhe dar muita atenção respondeu em cima da bucha:
- Isso é
pé, meu filho!
Continuando
a partir de onde havia parado antes, Bimba deu um “iê,”
assinalando
o reinício dos jogos. No comando absoluto da roda, cantou:
Foi
só
um
vento que bateu na porta,
Onda vai,
onda vem
Chuva
miudinha não mata ninguém,
Vamos
simbora, camará!
Ai, ai,
Aidê, joga bonito que eu quero ver…
Livro:
Água de beber camará!
Um
Bate-papo de Capoeira
Autor:
Bira “Acordeon” Almeida
Edição
1999 – pag.59
*
Capoeiranews: Um livro para estudo.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
domingo, 18 de dezembro de 2016
sábado, 17 de dezembro de 2016
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
terça-feira, 13 de dezembro de 2016
GRÃO MESTRE NA CAPOEIRA
É
interessante observarmos a diferença de graduação que ocorreu na
Confederação Brasileira de Pugilismo (departamento de capoeira) em
1972 e na Confederação Brasileira de Capoeira em 1992.
Em 1972
havia a graduação de Mestre: cordel branco e verde; branco e
amarelo; branco e azul; branco.
A
C.B.C. optou por manter somente o
cordel
branco para Mestre,
sem creditar mais nenhuma graduação para quem chegasse a Mestre.
No entanto, criou as graduações de: Monitor
e Professor
antes do capoeirista conquistar a graduação de Contra-Mestre.
Talvez
podemos entender a necessidade das associações de criarem o título
de Grão-Mestre. Uma forma de diferenciar o Mestre mais antigo nas
rodas de capoeira. Essa questão foi solucionada na legislação de
1972, com os graus de Mestre: branco e verde, branco e amarelo,
branco e azul. A graduação de branco puro só seria concedido aos
Mestres muito antigos.
A
divergência
de graduação na capoeira não está somente entre a C.B.P. e a
C.B.C, ela vai muito longe, quando as associações adotam as
graduações que lhes
convém (a casa é minha, mando eu).
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
SISTEMA OFICIAL DE GRADUAÇÃO - CBC
SISTEMA
OFICIAL DE GRADUAÇÃO
A
Confederação
Brasileira de Capoeira é
entidade nacional de administração desportiva. Foi fundada em 23 de
outubro de 1992, e é hoje a única a ser reconhecida pelo Comitê
Olímpico Brasileiro - COB.
Filia-se à recém-criada Federação
Internacional de Capoeira –
a FICA.
* Conforme descrevemos no artigo: graduação na capoeira, com a constituição de 1988, houve nova estrutura na composição desportiva.
CAPOEIRANEWS faz palestras mostrando a visão: capoeira é capoeira, ela tem poder e estrutura independente de qualquer classificação existente.
domingo, 11 de dezembro de 2016
GRADUAÇÃO NA CAPOEIRA
Esta graduação foi criada no ano 1972 na Confederação
Brasileira de Pugilismo (Departamento de Capoeira, assessor: Damionor
Ribeiro de Mendonça – Mestre Mendonça), portanto bem anterior a
constituição de 1988, que deu nova estrutura às modalidades
desportivas.
O
cordel azul é a graduação de capoeirista formado. O cordel verde,
amarelo e azul representa a graduação de contra-mestre,
caracterizando aquele que passou à categoria profissional e terá
remuneração pelos seus serviços de ensino.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
ELE LARGOU O MUNDO CORPORATIVO PARA VIVER DO QUE AMA: A CAPOEIRA
Wescley Tinoco saiu do mundo corporativo, virou MEI, montou uma loja móvel e hoje vive dessa mistura de luta e dança brasileira.
Por Jornal
de Negócios do Sebrae/SP
Wescley
Tinoco, da Iúna Capoeira Wear:
"Pensei na possibilidade de uma
marca que representasse
meu esporte, que eu gostasse de usar"
(Patricia Cruz/Jornal de Negócios do Sebrae/SP
|
“‘Você
já vive de capoeira?’ Essa foi a pergunta de um amigo, no início
de 2012. Eu, claro, respondi que era impossível viver só de
capoeira no Brasil.
Nascido e criado em Guarulhos,
na Grande São Paulo, comecei a praticar capoeira ainda muito novo;
esse era o refúgio para as tardes nos dias de semana. Enquanto a
maioria dos garotos da minha idade preferia o futebol, eu não saia
da Quilombo dos Palmares, academia do meu mestre Peixe.
Minha juventude foi dedicada à
capoeira. Ela me ajudou muito, na formação como homem e cidadão a
ter responsabilidades, treinar, manter a mente focada e passar por
obstáculos.
O primeiro contato com a moda
aconteceu por meio da capoeira em 1994. Eu era apaixonado por brincar
com a cor das calças, que até então tinham o branco como padrão.
Como hobby, pedia para as costureiras do bairro customizarem de todos
os jeitos, com todas as cores.
Em 1997, fui classificado para
o campeonato brasileiro de capoeira. Tinha certeza de que ia ganhar,
estava preparado. Então fiz uma calça customizada com a bandeira do
Brasil para a disputa. Ganhei.
Além
de apaixonado pela capoeira, sou formado em administração e
pós-graduado em finanças. Sempre trabalhei em grandes corporações
financeiras. Pegando condução para chegar ao serviço, comecei a
observar o que as pessoas vestiam e percebi que as roupas, muitas
vezes, não correspondiam à essência delas. Pensei na possibilidade
de uma marca que representasse meu esporte,
que eu gostasse de usar. Não achei.
Foi
aí que tive a ideia de montar a Iúna Capoeira Wear, uma marca
de roupa para
amantes da capoeira, que pode ser usada em diversos ambientes.
Coloquei em prática tudo que havia aprendido com os cursos do
Sebrae-SP de Guarulhos, que já eram meus parceiros há anos.
Em março de 2013, fiz um
evento na academia de capoeira onde sou professor para o lançamento
da minha marca, a Iúna Capoeira Wear. Promovi uma roda de capoeira,
chamei meu mestre Peixe e mais alguns capoeiristas. Após a roda,
ocorreu um desfile para apresentar as primeiras peças da marca.
Quando terminou, estava
estampado na minha cara que era isso que gostava de fazer. Decidi
viver da moda capoeira. Corri até o Sebrae-SP em Guarulhos e me
formalizei como MEI. Comecei a vender pela internet e em eventos de
capoeira. Em 2015, montei a loja móvel, um carro que uso para fazer
entregas e mostrar mais algumas peças aos clientes.
Para o futuro, desejo aumentar
a frota da loja móvel, expandir a marca para outros estados e abrir
uma loja fixa. Caso aquele mesmo amigo me perguntasse novamente se é
possível viver de capoeira, eu diria que hoje vivo só da capoeira.”
sábado, 3 de dezembro de 2016
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