quarta-feira, 28 de outubro de 2015

CURSO DE CAPOEIRA ANGOLA



Mestre Jogo de Dentro
Vai ministrar: Curso de Capoeira Angola
31 de outubro de 2015 às 8:00 horas até 17:00 horas
Rua Desembargador Cid Campelo, 4151 (Esc. Mun. Otto Bracarense da Costa)
CIC, Curitiba - PR

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ARTEFRICANIDADE


Artefricanidade

14 de novembro de 2015
Amostra Cultural do CECAB
às 9:00 horas
Oficina de Capoeira Angola, com Mestre Meinha
às 14:00 horas
Roda de Capoeira - Mestre Meinha com os participantes da Oficina de Capoeira Angola
às 16:00 horas
Abertura do Evento
às 18:00 horas
Concurso Revivendo Carybé
às 19:00 horas
Roda de Capoeira - para alunos e convidados
às 20:00 horas
Samba de Roda
às 21:00 horas
Rua Almirante Alexandrino, 2479 - Afonso Pena
São José dos Pinhais - PR

CAPOEIRA INFANTIL


Capoeira Infantil
Formação Continuada Em Osório/RS

14 de novembro de 2015
Mestre Ferradura
Curso de formação Continuada em Capoeira Infantil

Contato: (51) 9816-5963

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

1º FESTIVAL DE DANÇA AFRO LATINO


1º Festival de Dança
Afro Latino Americana
de Campo Largo

Dança Afro Sensorial, Palestras, Danças,
Capoeira, Percussão, Palestras de Várias Artes, Apresentações Programadas

13, 14 e 15 de novembro de 2015
Organização: Prof. Carlos Malaquias
Casa da Cultura Dr José Antonio Puppi
Rua do Centenário 20111 - Centro
Campo Largo - PR

MUZENZA GHEGOU


9º Batam Palmas

13 de nov. de 2015 às 19:30 horas
Roda Academia Fit Club
14 de nov. de 2015 às 10:00 horas 
Roda de Rua Sionek
às 14:00 - Evento Colégio Kandora
Batizado e Troca de Graduação
Curitiba - PR

CAPOEIRA ESCOLAR


III Congresso Brasileiro
de
Capoeira Escolar

13, 14 e 15 de novembro de 2015
Palestras e Oficinas
www.cepe.usp.br

terça-feira, 20 de outubro de 2015

CAPOEIRA TERRA - RIO DE JANEIRO



Grupo Terra - Mestre Mintirinha

BATIZADO E TROCA DE CORDÉIS

 DIA 8 de novembro de 2015 às 10:00 horas.
RUA VITORINO DO AMARAL S/Nº(ANTIGO CLUBE LÍGIA).OLARIA-RJ



ENCONTRO NACIONAL DE CAPOEIRA



Encontro Nacional de Capoeira
Nação Cultural Bauru - SP

7 de nov. de 2015 às 14:00 horas - Oficinas: Mestre Gororoba, Contra Mestre Cacá e Instrutor Bomba
8 de nov. de 2015 às 9:00 horas - Aula de Capoeira, Batizado e Troca de Cordas
Ginásio Panela de Pressão, Rua Benedito Eleutério - Vila Pacífico, Bauru - SP



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A SENDA ESOTÉRICA DA CAPOEIRA (final)


 É dançando que a gente se entende

A origem da capoeira está em volta de lendas, que possuem grande fundamento filosófico-histórico. Conta-se que nas tribos angolanas, anualmente era realizado uma festa da fertilidade, na qual as jovens que estavam saindo da infância para a puberdade eram oferecidas aos jovens mais fortes e capazes, garantindo a perpetuação da espécie. A seleção destes jovens era feita através de uma luta que era também um tributo a natureza pródiga e com a qual viviam em perfeita harmonia.
Deste modo, os princípios básicos da luta foram copiados ou inspirados em seu ambiente natural. Da água, a fonte da vida, veio o principal conceito: o movimento constante, a renovação perene, o preenchimento de todos os espaços. Dos animais vieram os outros: a agilidade dos felinos, a malícia dos répteis, a precisão das aves de rapina, a força dos equinos. A tudo isso foram somados os conceitos cosmogênicos africanos, criando uma luta cerimonial que foi a precursora da capoeira a ser desenvolvida no Brasil.
Dentre os escravos que foram trazidos para cá, havia muitos que já eram exímios lutadores. Na senzala estes primitivos mestres começaram a instruir aqueles que não a conheciam, dando-lhes alguma esperança de luta contra a injustiça. Na ânsia da liberdade o negro fugia para floresta. Em seu encalço saia o Capitão-do-Mato. Ao chegar naqueles pontos onde o mato era baixo e ralo - a capoeira - o negro preparava-se para lutar por sua liberdade e normalmente vencia.
O medo do ”Negro da Capoeira” começou a espalhar-se pelas fazendas e logo o treinamento daquela luta era punido com chibatadas no tronco ou até amputação de um pé nos reincidentes. Foi nesse momento que começou a surgir a capoeira tal com conhecemos hoje. Assim como o Candomblé promoveu o sincretismo de seus orixás com os santos da igreja para disfarçar seu culto proibido pelo português católico, também a luta foi incorporada à inocente diversão da dança para enganar os temerosos feitores.
Quando da libertação da escravatura, o negro foi repentinamente abandonado à sua própria sorte e consequentemente muitos caíram na marginalidade usando a luta que até então era de liberdade, para garantir sua sobrevivência, ainda que de modo desonesto. Criaram-se maltas de capoeiras que vendiam proteção a políticos e senhores de terra, e até praticavam alguns roubos e arruaças.
Só mais tarde as qualidades esportivas da capoeira começaram a ser reconhecidas pelos jovens de famílias honestas e até ricas, principiando sua redenção. Podemos citar como exímios capoeiristas do passado figuras nacionais como o Visconde do Rio Branco e Olavo Bilac. Entretanto, se a reabilitação da capoeira como esporte foi afinal conseguida, seu aspecto místico-filosófico ainda é desconhecido até mesmo por boa parte de seus atuais mestres.
Com o objetivo de desenvolver a capoeira como esporte e como filosofia, harmonizando e desenvolvendo os conceitos primitivos africanos com os conhecimentos do homem atual é que está sendo fundada agora no Rio de Janeiro a Associação de Capoeira Guaiamúns Nagôas, cujo nome deriva das duas grandes maltas que existiam no Rio Antigo, a dos Guaiamúns e a dos Nagôas, rivais entre si e agora juntas a simbolizar a união de forças antagônicas na construção de algo melhor.
Talvez dentre em breve muito mais pessoas possam começar a ver também a beleza e a universalidade desta arte que foi assim definida por Mestre Pastinha, fundador da primeira academia de capoeira legalmente reconhecida: “mandinga de escravo em ânsia de liberdade; seu princípio não teve método, seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres.”
E deixamos aqui uma pergunta: estava ele, Mestre Pastinha, apenas definindo a capoeira ou estava também resumindo toda história da evolução humana desde a escravidão da ignorância até a suprema libertação pelo conhecimento?

Artur Arpad Szabo – diretor da Associação de Capoeira Guaiamúns-Nagôas, Rio de Janeiro – RJ

Revista Planeta, nº120, setembro de 1982

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

IPHAN E A CAPOEIRA NO PARANÁ

IMG_0117
foto ilustrativa

Em reunião, no último dia 11 de outubro, na cidade de Toledo, o Comitê Gestor da Salvaguarda da Capoeira do Paraná definiu as normas para o Ciclo de Renovação do Comitê Gestor da Salvaguarda da Capoeira no Paraná, segue abaixo:

Normas para Renovação do Comitê Gestor da Capoeira no Paraná.
1 – O segundo Comitê Gestor da Salvaguarda da Capoeira no Paraná será composto por 11 membros e 11 suplentes, podendo ser candidatos e votantes capoeiristas graduados a partir de professor.
2 – As eleições serão realizadas em quatro etapas regionais, com a eleição de 2 componentes e 2 suplentes nas etapas do Oeste, Norte e Litoral. Na etapa de Curitiba e Região Metropolitana Estendida (Compreendendo a Região Centro-Sul do Paraná) serão eleitos 3 representantes, sendo um obrigatoriamente da RM.
3 – As eleições serão realizadas por meio de “chapas”, compostas por titulares e suplentes. Os suplentes deverão participar das reuniões em caso de ausência do titular e poderão tornar-se titulares em caso de desistência do titular. Em caso de presença de ambos nas reuniões, o suplente terá apenas direito a voz e não a voto.
4 - Cada grupo poderá candidatar apenas uma chapa por região. Poderá ser eleita apenas uma chapa de cada munícipio, salvo Curitiba, que poderá ter escolhidas no máximo duas chapas. Caso as chapas vencedoras sejam da mesma cidade, a segunda colocada será eliminada, dando lugar à terceira mais votada, e assim sucessivamente.
5 - As duas vagas não votadas no processo eleitoral serão preenchidas através de eleições realizadas internamente pelo novo Comitê Gestor, a fim de atender os critérios estabelecidos de representatividade de gênero, com pelo menos uma vaga destinada a mulheres, diversidade da Capoeira (Angola, Regional, Contemporânea) e hierarquia (presença de professores, Contra-Mestres e Mestres).
5 – O papel do membro do Comitê Gestor da Salvaguarda da Capoeira é: 1) Representar a Capoeira de sua Região, levando em consideração a diversidade de mestres e grupos; 2) Construir junto ao Iphan as diretrizes para salvaguarda da Capoeira no Paraná; 3) Participar das reuniões do Comitê Gestor; 4) Justificar as ausências nas reuniões, aqueles que faltarem em duas reuniões consecutivas sem justificativa serão automaticamente desligados, sendo convocado seu suplente para assumir a cadeira titular; 5) Em caso de desistência do titular e do suplente será convocada a chapa colocada em terceiro lugar, caso sejam os membros votados pelo próprio comitê gestor serão feitas novas eleições internas.
As etapas acontecerão nas seguintes datas:
Etapa Oeste - Foz do Iguaçu: 13 de novembro, 8h30, Auditório da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu.
Etapa Norte – Maringá: 20 de novembro, 8h30, Auditório da Câmara de Vereadores de Maringá.
Etapa Litoral – Paranaguá: 28 de novembro, 8h30, Auditório da Casa Cecy - Fundação Municipal de Cultura de Paranaguá.
Etapa Curitiba, Região Metropolitana Estendida (Região Centro-Sul) – Curitiba: 13 de dezembro, no Espaço Cultural e Esportivo da Associação Cultural dos Bancários de Curitiba.

Geslline Giovana Braga Consultora da Unesco para
Difusão da Política de Patrimônio Imaterial no Brasil



John Van Rymenant - Capoeira

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

FALECIMENTO DO MESTRE GILDO ALFINETE


Falecimento do Mestre Gildo Alfinete

A Associação Brasileira de Capoeira Angola tem o pesar de comunicar a toda a comunidade da capoeira o falecimento do seu Presidente do Conselho de Mestres, o já saudoso Mestre Gildo Alfinete. O sepultamento será a partir das 16:00 de hoje, 12 de outubro, no Jardim da Saudade, em Brotas. Pedimos a todos que venham de branco para realizarmos a tradicional roda de capoeira angola, como certamente desejaria nosso querido Mestre Gildo, em sua celebração de passagem ao honroso plano dos ancestrais.

Gildo Alfinete (Gildo Lemos Couto 16/01/1940 12/10/2015)

Nascido no bairro de Tororó, em Salvador, iniciou-se na capoeira aos 18 anos com Mestre Pastinha, na Joana Angélica, e passou a treinar com o mesmo no Pelourinho. Participou de diversas viagens com o Mestre Pastinha, em Belo Horizonte; no Maracanãzinho; em Porto Alegre; e no Festival Mundial de Artes Negras em Dakar, Senegal. Participou da refundação da ABCA na década de 1990 e foi um dos grandes responsáveis pela cessão da sede que a Associação ocupa hoje. Era o zelador do maior acervo existente sobre Mestre Pastinha e o Centro Esportivo de Capoeira Angola.

"QUERIDO DE DEUS" UM CAPOEIRA NAVEGADOR!



Turma do Mestre Samuel Querido de Deus, 1937

"QUERIDO DE DEUS"
UM CAPOEIRA NAVEGADOR!

Crônica por Mestre Tonho Matéria sobre o Mestre Querido de Deus, Capoeira da Bahia imortalizado nas rodas de capoeira e nas obras de Jorge Amado
Por Mestre Tonho Matéria

Maio de 2005
Por diversas vezes Garrincha subia a ladeira da boca da mata só para ficar observando seu mestre falar sobre certos capoeiristas que desnortearam a cidade de São Salvador, entre os séculos XIX e XX. Quando chegava à hora da roda, ligeiramente, gravava o nome de muitos deles que na verdade era através das letras cantadas que ele mantinha uma familiaridade. A música da capoeira ajuda muito os novos praticantes a conhecerem ou saberem dos mitos que ficaram sobre forma de um ostracismo escondidos no fundo da cabaça ou dentro do toque do atabaque. Porém, não deixavam de existir dentro do corpo das músicas executadas nas rodas e nos CDs dos grupos, que hoje, são vários espalhados pelo mundo.
Quando ele percebeu que era de uma mera importância para a sua vida como homem e cidadão de uma arte que a cada dia vinha lhe dando conceito no mundo, começou a fazer pesquisas sobre esses baluartes e descobriu coisas fantásticas. Certo dia, lendo um artigo que fora publicado no Jornal Correio da Bahia (Quarta-Feira, 18 de Abril de 2001, numa leitura bastante direta em que dizia o seguinte: Velhos mestres, velhas histórias. A importância do mestre na capoeira ainda hoje é uma das principais características da arte-luta brasileira. Apesar das inúmeras mudanças pelas quais a manifestação vem passando nas últimas décadas, muito do que se sabe dos grandes mestres da capoeira da Bahia sobrevive disperso na memória popular, nos ditos e ladainhas cantados em inúmeras rodas espalhadas pelo mundo.
Como principal particularidade, a dificuldade em observar os limites entre lenda e verdade, entre folclore e fato. Fatores que apenas legitimam a grandeza e a força da arte fundamentalmente enraizada na cultura brasileira. Para muitos teóricos da capoeiragem, a maleabilidade entre invenção, mito e realidade presente no universo da capoeira é reflexo do mais puro jogo capoeirístico. Verdade/mentira,real/irreal, vencedor/vencido pertencem a uma lógica por demais cartesiana, contrária à da capoeira que prima não pelas verdades essenciais, mas pelo aqui e o agora do jogo. A lista de grandes personagens é imensa, nela se encontrando nomes que traduzem um forte acento poético: Samuel Querido de Deus, Algemiro Olho de Pombo, Feliciano Bigode de Seda, Pedro Porreta, Inimigo sem Tripa, Sete Mortes, Chico Três Pedaços, Pedro Mineiro e muitos outros. À sombra dos populares mestres Pastinha e Bimba, gerações inteiras de capoeiristas "vadiaram" em homenagem à África perdida, nos becos e vielas da velha Salvador. Entre os mais cantados está, com certeza, Besouro Mangangá, que tinha a peculiar qualidade de escapar "voando" das emboscadas inimigas.
Isso lhe rendeu uma infinita educação cultural que jamais saberia se um dia iria desenvolver se não fossem os meios de comunicação que se integram a falar dessa arte e os livros dos estudiosos. Foi ai que percebeu o quanto a capoeira e seus jogadores são ricos e cheios de causos que ficaram escondidos na curva da memória do seu próprio povo. Os grandes capoeiristas daquela época tinham em si uma legitimidade que desencadeava as suas próprias vidas. Embora saibamos que herdamos de recordações, o fito da memória histórica dos seus movimentos acrobáticos e que servem para alimentar os olhos dos turistas e o bolso dos capitalistas e exploradores.
Com tudo isso, Garrincha continuava errante. Navegava no relato e se vislumbrava com os nomes dos capoeiristas, que lembram mais nomes fictícios de filmes de comedia. Saiu pra luta do corpo a corpo com a busca do desafio e se deparou com o primeiro personagem chamado Samuel Querido de Deus, um pescador que saia mar adentro jogando sua rede pra tentar pescar o sustento da família, e que ficava dias e dias sobre as águas do misterioso e profundo mar de todos os encantos. Viu que era de grande importância o assunto e que com certeza iria aprender mais uma lição.
Então, lendo o livro de Jorge Amado, Bahia de Todos os Santos, (páginas: 261 - 262 42ª ed.) percebeu que o escritor traçou o seu perfil em que dizia o seguinte: "Já começaram os fios de cabelo branco na carapinha de Samuel Querido de Deus. Sua cor é indefinida. Mulato, com certeza. Mas mulato claro ou mulato escuro, bronzeado pelo sangue indígena ou com traços de italiano no rosto anguloso? Quem sabe? Os ventos do mar nas pescarias deram ao rosto do Querido de Deus essa cor que não é igual a nenhuma cor conhecida, nova para todos os pintores. Ele parte com seu barco para os mares do sul do estado onde é farto o peixe. Quantos anos terá? É impossível saber nesse cais da Bahia, pois de há muitos anos que o saveiro de Samuel atravessa o quebra-mar para voltar, dias depois, com peixe para a banca do mercado Modelo. Mas o velhos canoeiros poderão informar que mais de sessenta invernos já se passaram desde que Samuel nasceu. Pois sua cabeça já não tem fios brancos na carapinha que parece eternamente molhada de água do mar? Mais de sessenta anos. Com certeza. Porém ainda assim, não há melhor jogador de capoeira, pelas festas de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na primeira semana de dezembro, que o Querido de Deus. Que venha Juvenal, jovem de vinte anos, que venha o mais ágil, o mais técnico, que venha qualquer um, e Samuel, o Querido de Deus, mostra que ainda é o rei da capoeira da Bahia de Todos os Santos. Os demais são seus discípulos e ainda olham espantados quando ele se atira no rabo-de-arraia, porque elegância assim nunca se viu... E já sua carapinha tem cabelos brancos...Existem muitas histórias a respeito de Samuel Querido de Deus. Muitas histórias que são contadas no Mercado e no cais. Americanos do norte já vieram para vê-lo lutar. E pagaram muito caro por uma exibição do velho lutador. Uma loira de Chicago se apaixonou por ele, quis levá-lo embora.

Certa vez seu amigo escritor foi procurá-lo. Dois cinematografistas queriam filmar uma luta de capoeira. Samuel chegara da pescaria, dez dias no mar e trazia ainda nos olhos um resto de vento sul. Prontificou-se. Fomos em busca de Juvenal. E, com as máquinas de som e de filmagem, dirigimo-nos todos para a Feira de Água dos Meninos. A luta começou e foi soberba. Os cinematografistas rodavam suas máquinas. Quando tudo terminou, Juvenal estendido na areia, Samuel sorrindo, o mais velho dos operadores perguntou quanto era. Samuel disse uma soma absurda na sua língua atrapalhada. Fora quanto os americanos haviam pago para vê-lo lutar. O escritor explicou então que aqueles eram cinematografistas brasileiros, gente pobre. Samuel Querido de Deus abriu os dentes num sorriso compreensivo. Disse que não era nada e convidou todo mundo para comer sarapatel no botequim em frente. 'Podeis vê-lo de quando em quando no cais. De volta de uma pescaria com seu saveiro. Mas com certeza o vereis na festa da Conceição da Praia, derrotando os capoeiras, pois ele é o maior de todos. Seu nome é Samuel Querido de Deus. Viveu em Salvador, numa fase em que havia cessado a repressão ao jogo da Capoeira e sua prática já não era mais proibida. No ano de 1944, quando o pescador ainda vivia, sob o título O Capoeira.
Segundo o livro de Camile Adorno, "Os principais estudiosos da cultura brasileira, no passado recente, imortalizaram o jogo da Capoeira em páginas magistrais". É este o caso de Eunice Catunda, que concorreu com suas observações para fixar análise do jogo e das suas tradições, em artigo intitulado Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, publicado em Fundamentos - Revista de Cultura Moderna, no ano de 1952, em São Paulo.
"Todo artista que não acredita no fato de que só o povo é o eterno criador, que só dele nos pode vir a força e a verdadeira possibilidade de expressão artística, deveria assistir a uma capoeira baiana. Ali a força criadora se evidencia, vigorosa, livre dos preconceitos mesquinhos do academismo, tendo como lei primordial e soberana a própria vida que se expressa em gestos, em música, em poesia. Ali se exprime a vida magnífica e bela, em nada prejudicada pela capacidade limitada dos instrumentos musicais primitivos, aos quais se adapta sem ser por eles diminuída".
Com certeza, Garrincha aprendeu mais um capítulo da vida de um capoeira e notou que não basta só joga-la com as pernas, o mais importante é saber desenvolver a técnica do conhecimento, aprimorando e enriquecendo o seu conteúdo.

"QUEM NÃO CONHECE SUA PROPRIA HISTÓRIA ESTA FADADO A REPITI-LA"
BY CONTRA MESTRE JIMMY ROGER - CCEB - SANTOS - SP

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

1º TURMA DE ÁRBITROS FECARJ



FECARJ
Federação de Capoeira
do Rio de Janeiro


O departamento de árbitros da FECARJ promove o primeiro curso de árbitros.
Solicita aos capoeiristas aptos ao desempenho de arbitragem que se inscrevam no curso.
A capoeira espera que os capoeiristas zelem pela pratica desportiva da capoeira, o bom desempenho dos árbitros contribui para preservação da Capoeira como patrimônio imaterial da humanidade.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A SENDA ESOTÉRICA DA CAPOEIRA (parte I)


 A SENDA ESOTÉRICA DA CAPOEIRA

“Dois homens vestidos de branco estão agachados frente a frente, concentrados no ritmo cadenciado que o mestre tira do seu berimbau. Ao redor do círculo marcado no chão – a roda – os demais, também de branco, batem palmas e acompanham em coro o refrão cantado pelo Mestre. A um sinal deste, os dois homens se benzem e iniciam seus movimentos circulares, desferindo golpes cujo a violência fica encoberta pela beleza daquilo que à primeira vista é apenas uma dança.
Na realidade a capoeira é mais que uma luta ou uma dança, um esporte ou uma manifestação folclórica. É uma herança místico-cultural de inestimável valor que nos foi legada pelo negro que veio ao Brasil como escravo, e aqui usou-a para lutar por sua liberdade. Porém como quase todas manifestações culturais e religiosas do negro, também a capoeira sofreu, ao longo dos séculos, uma perseguição sistemática por parte do branco zeloso de sua “cultura” européia.
Por esta razão chegou até nós uma imagem deturpada, na qual é evidenciado o fato de ter sido praticada principalmente por marginais (criados pela própria sociedade que libertou o negro sem no entanto dar-lhes oportunidades dignas de sobrevivência). Mas o seu maior prejuízo foi a perda do caráter místico-filosófico, que só agora estamos tentando redescobrir e transmitir.
Para se compreender o sentido místico-filosófico da capoeira, talvez seja interessante compará-la com as artes marciais orientais, que desde tempos imemoriais são usadas para auxiliar o homem a transcender seus limites físico-mentais a níveis quase utópicos da nossa compreensão (vide planeta nº 94).
Para que o jogo da capoeira se desenvolva, dois elementos são indispensáveis: o ritmo vibrante e cadenciado do berimbau e a roda – espécie de arena onde o jogo se desenvolve. Na realidade, o jogo da capoeira é a representação da eterna luta pela harmonia do universo, a eterna luta das energias positivas e negativas das quais todas as coisas e seres são feitos. Na capoeira o jogo desenvolve-se dentro da roda traçada no chão, e é interessante lembrar que em todas culturas arcaicas, o círculo foi símbolo do universo, por não ter início nem fim. Os golpes desferidos são sempre circulares e em sequência ininterrupta, simbolizando o eterno movimento de suas forças integrantes e antagônicas.
Ao contrário das artes orientais, aqui não se bloqueia ou impede-se a finalização do golpe adversário. O contragolpe só é desferido quando o adversário terminou, naquela fração ínfima de tempo em que este está desequilibrado. Como todos os movimentos são circulares, na realidade o contragolpe vem “preencher o vácuo” deixado pelo golpe, do mesmo modo que as energias do universo não se destroem, apenas combinam-se sem que haja perdas de carga; há apenas perda do espaço ocupado por uma em detrimento da outra, num movimento constante e harmônico.
Mas o principal elemento de transcendência mental é o berimbau – o primeiro e mais importantes dos mestres. É o seu ritmo que harmoniza o corpo, é a sua vibração que eleva a mente do capoeirista. Pode-se afirmar que o ritmo do berimbau, auxiliado por pandeiro, atabaque, palmas e canto constitui-se verdadeiro mantra, que à semelhança deste eleva os capoeiristas a níveis mais elevados de consciência permitindo que seu corpo e sua mente realizem verdadeiros prodígios em termos de reflexos, velocidade, equilíbrio e flexibilidade.


Artur Arpad Szabo – diretor da Associação de Capoeira Guaiamúns-Nagôas, Rio de Janeiro – RJ

Revista Planeta, nº120, setembro de 1982

AÇÃO CAPOEIRA - PUXADA DE REDE


BATIZADO E TROCA DE CORDAS
AÇÃO CAPOEIRA
Mestre Alemão
03 de outubro de 2015
Curitiba -PR