domingo, 31 de julho de 2016
quinta-feira, 28 de julho de 2016
O TOCADOR DE BERIMBAU
O
tocador de berimbau - J.B.Debret
Observando
a ilustração de Debret (1826), poderíamos ficar contidos em uma
simples roda de pessoas, mas nosso grande Debret via muito mais que
um tocador de berimbau. Ele também nos mostra a união, o equilíbrio
e o fascínio que este instrumento causa. Percebemos que o sol estava
alto e mesmo assim a atração desse tocador magnetizava as pessoas
aos acordes melódicos do berimbau.
Debret
já profetizava o propósito desse instrumento: de reunir pessoas.
Hoje
vemos grandes rodas de capoeira, rodeadas de centenas de pessoas
embaladas pelos acordes do berimbau. Essa arte só faz crescer e num
passe hipnótico transmite as ondas do futuro: alegria, união e
fraternidade.
Debret
nos revela o equilíbrio na composição, com cinco pessoas de cada
lado e a maioria de mulheres atraídas pelo toque de berimbau, o
tocador despretenciosamente vai passando e levando o Santo Graal para
o futuro.
O
berimbau ainda precisava encontrar sua guardiã, a capoeira. Minha
impressão é que os Orixás fazem esse casamento no silêncio do
tempo, deixando para a humanidade esse grande presente.
O
berimbau serve àquele que tem a capoeira no coração.
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sábado, 23 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
FALECIMENTO DO MESTRE ANANIAS (1924 - 2016)
A
roda da República certamente não será a mesma a partir de agora,
infelizmente essa quinta feira começa com o berimbau soluçando de
tristeza pois perdemos o grande mestre Ananias. Seu Ananias estava
internado desde o dia 09/07 de 2016 e Deus com grandeza e sabedoria
decidiu que era chegada do mestre descansar no auge dos seus 92 anos
de idade.
O
mestre Ananias Ferreira nasceu em 1924 na cidade de São Félix no
recôncavo baiano, por coincidência nasceu no mesmo ano o mestre
caiçara, e no ano seguinte nasceu o mestre Traíra Ambos na cidade
de cachoeira que antes da divisão pertencia a São Félix, ainda no
ano seguinte na capital baiana nasceu o mestre canjiquinha que anos
mais tarde tornou-se uma das figuras mais importantes na vida do
grande mestre Ananias.
Mestre
Ananias cresceu nesse ambiente onde as manifestações
afro-brasileira fervem, alí ele conheceu o samba de roda, o
candomblé, e a capoeira que ele honrou até o último suspiro de
vida. A sua infância na capoeira do mestre Juvêncio, no samba do
mestre Inácio do cavaquinho, na roda da tenda do seu Mané da viola,
despertou no menino o enorme desejo de passar para frente a tradição
do seu povo. A sofrida e dura vida de canavieiro, e o dia a dia nas
lavouras de fumo lhe fizeram buscar novos ares e o jovem Ananias
Ferreira assim como a asa branca fugindo da seca, bateu em retirada
para a capital baiana.
A
princípio morou no bairro do Engenho Velho de brotas(onde bimba fez
História), depois se mudou para o bairro do Curuzu, porém quis
destino que o rapaz tivesse um terceiro endereço, foi morar na
liberdade onde conheceu o grande mestre Valdemar. E foi ali na
liberdade, no barracão do corta braço que esse rapaz começou fazer
História na bateria mais afamada da História da capoeira. Muitos
eram os seus companheiros, Nagé, Bugalho, Fumo Fino, Traíra,
Dorival (irmão de Valdemar), Juvenal, Zacarias, Bráulio, Barbosa e
muitos outros sem contar os companheiros de outras rodas que a vida
lhe proporcionou.
Conheceu
e conviveu com os grandes nomes da capoeira baiana, Caiçara,
Pastinha, Bimba e dentre outros o mestre Canjiquinha que muito lhe
ensinou e ajudou, e foi das mãos do mesmo que seu Ananias recebeu o
diploma de mestre. Em 1953 através dos produtores Wilson e Sérgio
Maia o mestre Ananias desembarcou na terra da garoa e o que era para
ser algumas representações teatrais transformou-se na instalação
do mestre na Capital Paulista onde se tornou um dos maiores, senão o
maior percursor da capoeira por aqui. Esse período da História
corresponde ao início da imigração nordestina para o sudeste do
Brasil.
No
fim dos anos 50 até meados dos anos 80 uma grande leva de
capoeiristas baianos desembarcaram em São Paulo, esses periodos
corresponde a transição da capoeira baiana para a maior capital da
América latina, esses capoeiristas são os chamados mestres
pioneiros, entre os muitos que vieram podemos citar; Mestre Suassuna,
mestre Paulo limão, mestre Zé de Freitas, mestre Damião, mestre
Brasília, mestre Bigo, mestre Natanael, mestre Joel e muitos outros
mestres dentre eles o grande mestre Ananias um dos primeiros a chegar
aqui.
Mestre
Ananias participou de muitas peças teatrais na divulgação e
valorização da cultura afro. Junto a Plínio Marcos esteve presente
nas peças Balbina de Iansã e Jesus Homem. Dentre as maiores
contribuições do mestre Ananias está a Roda da República, a mais
famosa roda de capoeira do estado de São Paulo, fundada pelo mesmo
junto aos seus conterrâneos mais de 50 anos atrás e que resiste
até os dias atuais através da liderança do mestre.
A
roda na casa do mestre Ananias é mais que um encontro de capoeirista
em busca do saber é um ponto turístico onde o dono da festa era o
patrimônio vivo da capoeira no estado.
Firmeza
nas palavras, personalidade forte, liderança nata, conhecedor, Ogã
por mérito, sábio, lutador, guerreiro que nunca abaixou a cabeça,
uma personalidade digna da realeza africana, assim era o nosso grande
Mestre Ananias, o patrimônio da História da capoeira de São Paulo.
Muitos
vão ler esse texto e dizer eu estive com ele, eu cantei, eu joguei
na sua roda; porém poucos vão dizer eu me preocupei em conversar
com o mestre e saber um pouco sobre a sua vida, como era o cenário
da capoeira quando desembarcou aqui. Eu posso dizer que sou um desses
poucos.
Descanse
em paz mestre Ananias a capoeira agradece a sua breve passagem aqui
na terra, que Deus o tenha em sua glória.
Foi
com o coração partido que fiz esse texto
Boa
Alma (Antonio Luiz Campos)
quarta-feira, 20 de julho de 2016
terça-feira, 19 de julho de 2016
domingo, 17 de julho de 2016
MESTRE DERALDO - RIO DE JANEIRO
Mestre Deraldo (falecido)
Aluno do Mestre Mário Buscapé
Academia Bonfim de Capoeira.
Foto dos anos 70.
Capoeiranews (foto)
sexta-feira, 15 de julho de 2016
CAPOEIRA CONDUZ A TOCHA OLÍMPICA
No Município de Araucária (Paraná) a tocha olímpica foi conduzida
pelo nosso colega C. Mestre Canarinho.
Os capoeiras agradece o brilhantismo da sua atuação...15 de junho de 2016.
quinta-feira, 14 de julho de 2016
quarta-feira, 13 de julho de 2016
terça-feira, 12 de julho de 2016
MESTRE ARTHUR EMÍDIO (1930 - 2011) by Mestre Acordeon
"Eu
tinha por volta de 5 ou 6 anos treinando e, talvez, estivesse vivendo
o período áureo da minha capoeiragem. Eu achava que não havia
capoeirista que me ganhasse no jogo. A Bahia era linda e o centro do
universo para nós baianos. Negros e brancos se misturavam nas ruas
estreitas e calçadas com paralelepípedos centenários. O traje de
linho branco predominava nos domingos e nas festas de largo. Meu
sapato de duas cores e bico fino era o meu favorito e, a navalha
enferrujada mas afiada, descansava nervosa no bolso da minha calça
de boca larga. Na ausência dos eventos abundantes como existem hoje
em dia, na inexistência da internete que nos governa como o deus da
comunicação e no silêncio da prática sigilosa da capoeira que
funcionava como requisito essencial da malandragem, eu me sentia como
um samurai que havia perdido seu senhor, um “ronin”em busca de
duelos mortais na calada da noite. Viajei a procura dos bambas.
Na
zona norte do Rio encontrei Arthur Emídio na farmácia em que
trabalhava. Ela já havia escutado a meu respeito e fomos juntos para
sua academia. Assisti a aula sentado no banco da pequena sala. A
animação era grande e os capoeiristas voavam em saltos que eu nunca
tinha visto antes. Arthur era um dínamo que pulava, rolava no chão,
batia palmas e mandava um “IÊÊÊ” muito alto e meio de falsete
para parar a música no tempo certo que por muitos anos imitei. Sem
dúvida era um candidato para um grande duelo!
A
aula acabou e Arthur me convidou para entrar na roda. Joguei com dois
alunos deles. Um saiu mancando e o outro dormiu com a ajuda de uma
meia lua de compasso na cabeça. Arthur Emídio me chamou para o pé
do berimbau. Havia chegado a hora do grande duelo. Jogamos durante
muito tempo na maldade que me devorava e me dava ainda mais gana de
jogar. Arthur não vacilou um segundo sequer. Jogou que nem um
azougue o qual não pude tocar. De vez em quando ele dava um salto do
nado tentando atingir minha cabeça mas, só encontrava o vento da
minha sombra. Ele havia entregue o ouro ao bandido quando quiz se
mostrar ou me assustar ao dar uns dois saltos semelhantes num saco de
areia durante a aula. Depois de umas duas horas a luz apagou na rua.
Arthur foi na farmácia em que trabalhava ao lado da academia, pegou
alguns pacotes de vela que acendemos em volta da roda e continuamos o
pega pra capar. La pelas 2 da manhã decidimos parar. Como diz
a cantiga, nem ele venceu nem eu. Para comemorar, fomos tomar uma
geladinha num bar da esquina.
Vá
com Deus, capoeira. Uma hora dessas a gente se encontra de novo para
decidir nossa diferença."
Mestre Acordeon
domingo, 10 de julho de 2016
sábado, 9 de julho de 2016
MESTRE PARANÁ
Osvaldo Lisboa dos Santos,
o Mestre Paraná, nasceu em 25 de setembro de 1922 em Salvador –
BA, filho de Cândido Lisboa dos Santos e Albertina Maria dos Santos.
Faleceu em 7 de março de 1972 no Rio de Janeiro - RJ.
Mestre
Paraná iniciou na capoeira aos 10 anos de idade, na região do Alto
das Pombas, no bairro da Federação em Salvador, no ano de 1932, com
o Mestre Antônio Corró, que nasceu em 1870, ex-escravo, analfabeto
e carroceiro do Cais Dourado em Salvador.
Veio para o Rio de Janeiro - RJ no final dos anos 1940, já acompanhado de Maura Bastos (a Tia Maura), logo após sair da Marinha do Brasil, onde treinou boxe e cumpriu o serviço militar.
Veio para o Rio de Janeiro - RJ no final dos anos 1940, já acompanhado de Maura Bastos (a Tia Maura), logo após sair da Marinha do Brasil, onde treinou boxe e cumpriu o serviço militar.
Teve como primeira moradia
no Rio de Janeiro o bairro do Flamengo, posteriormente mudou-se para
a Av. Itaóca em Bonsucesso, depois para a Rua Miguel Burnier (também
em Bonsucesso), onde fundou o Grupo Folclórico de Capoeira São
Bento Pequeno e finalmente a Rua Miringa
em Realengo.
Foi o único mestre de
Capoeira a tocar berimbau na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal
do Rio de Janeiro, onde foi percussionista e também o único mestre
de capoeira a possuir uma CARTEIRA DA ORDEM DOS MÚSICOS para
BERIM-BAU (assim está escrito na carteira).
Gravou um compacto duplo
pela CBS em 1963, "Capoeira Mestre Paraná", com toques de
Angola, São Bento Grande, São Bento Pequeno e o corrido Avise A
Meu Mano, de sua autoria.
Apresentou-se no Brasil e
em Portugal, com a peça “O Pagador de Promessas” (de Dias Gomes)
acompanhando a Cia. de Danças de Mercedes Batista e no cinema junto
a atores como Oscarito e Grande Otelo.
Faleceu no próprio local
de trabalho, o IPASE (no centro do Rio) onde foi marceneiro muito
admirado e conceituado (daí talvez a razão dos seus berimbaus,
verdadeiras obras-primas).
sexta-feira, 8 de julho de 2016
quarta-feira, 6 de julho de 2016
terça-feira, 5 de julho de 2016
domingo, 3 de julho de 2016
sábado, 2 de julho de 2016
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