Juvenal
Hermenegildo da Cruz, conhecido no mundo da capoeira como "Juvenal
engraxate", foi um dos nomes mais falados da capoeira baiana nos
anos 30 e 40 do século XX, defensor nato da Capoeira Angola, o mesmo
fazia as suas rodas de capoeira na rampa do cais dourado e era
freqüentador nato de um barracão onde aconteciam rodas de capoeira
lá no Chame Chame ao lado de Osvaldo sapateiro(aluno de Valdemar), e
de Samuel Querido de Deus que muitos diziam ser o seu mestre, apesar
de algumas fontes atribuir a sua linhagem ao mestre Valdemar da
Paixão.
Muito citado pelo Mestre Noronha em seus manuscritos, o mesmo pode ser o famoso Juvenal Nascimento que virou notícia nos principais jornais baianos após subir no ringue nos idos de 1936, suspeita se também que seja o mesmo Juvenal sapateiro que frequentador dá capoeiragem no período correspondente. Estivador, como a maioria dos antigos capoeiristas, aproveitava as horas de descanso, após as refeições, na beira do cais para praticar, e ensinar a nobre arte dá capoeira a aqueles que quisessem aprender. Mestre Juvenal nos anos 40 gravou um disco de capoeira cantado em iorubá, caboclo e português, quem quiser ouvir essa relíquia basta entrar no YouTube e procurar pelo Mestre Juvenal engraxate.
Muito citado pelo Mestre Noronha em seus manuscritos, o mesmo pode ser o famoso Juvenal Nascimento que virou notícia nos principais jornais baianos após subir no ringue nos idos de 1936, suspeita se também que seja o mesmo Juvenal sapateiro que frequentador dá capoeiragem no período correspondente. Estivador, como a maioria dos antigos capoeiristas, aproveitava as horas de descanso, após as refeições, na beira do cais para praticar, e ensinar a nobre arte dá capoeira a aqueles que quisessem aprender. Mestre Juvenal nos anos 40 gravou um disco de capoeira cantado em iorubá, caboclo e português, quem quiser ouvir essa relíquia basta entrar no YouTube e procurar pelo Mestre Juvenal engraxate.
No
trecho a seguir o Mestre Juvenal também é citado por Jorge Amado
durante uma crônica dedicada a Samuel querido de Deus no Romance
Bahia de todos os santos em 1944;
"Já
começaram os fios de cabelo branco na carapinha de Samuel Querido de
Deus. Sua cor é indefinida. Mulato, com certeza. Mas mulato claro ou
mulato escuro, bronzeado pelo sangue indígena ou com traços de
italiano no rosto anguloso? Quem sabe? Os ventos do mar nas pescarias
deram ao rosto do Querido de Deus essa cor que não é igual a
nenhuma cor conhecida, nova para todos os pintores. Ele parte com seu
barco para os mares do sul do estado onde é farto o peixe.
Quantos anos terá? É impossível saber nesse cais da Bahia, pois de há muitos anos que o saveiro de Samuel atravessa o quebra-mar para voltar, dias depois, com peixe para a banca do mercado Modelo. Mas o velhos canoeiros poderão informar que mais de sessenta invernos já se passaram desde que Samuel nasceu. Pois sua cabeça já não tem fios brancos na carapinha que parece eternamente molhada de água do mar? Mais de sessenta anos. Com certeza. Porém ainda assim, não há melhor jogador de capoeira, pelas festas de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na primeira semana de dezembro, que o Querido de Deus. Que venha Juvenal, jovem de vinte anos, que venha o mais ágil, o mais técnico, que venha qualquer um, e Samuel, o Querido de Deus, mostra que ainda é o rei da capoeira da Bahia de Todos os Santos. Os demais são seus discípulos e ainda olham espantados quando ele se atira no rabo-de-arraia, porque elegância assim nunca se viu..."
Créditos;
Amado, Jorge
Bahia de todos os Santos
1944;
Quantos anos terá? É impossível saber nesse cais da Bahia, pois de há muitos anos que o saveiro de Samuel atravessa o quebra-mar para voltar, dias depois, com peixe para a banca do mercado Modelo. Mas o velhos canoeiros poderão informar que mais de sessenta invernos já se passaram desde que Samuel nasceu. Pois sua cabeça já não tem fios brancos na carapinha que parece eternamente molhada de água do mar? Mais de sessenta anos. Com certeza. Porém ainda assim, não há melhor jogador de capoeira, pelas festas de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na primeira semana de dezembro, que o Querido de Deus. Que venha Juvenal, jovem de vinte anos, que venha o mais ágil, o mais técnico, que venha qualquer um, e Samuel, o Querido de Deus, mostra que ainda é o rei da capoeira da Bahia de Todos os Santos. Os demais são seus discípulos e ainda olham espantados quando ele se atira no rabo-de-arraia, porque elegância assim nunca se viu..."
Créditos;
Amado, Jorge
Bahia de todos os Santos
1944;
Nessa
crônica de Jorge Amado o pouco que ele fala sobre o mestre Juvenal
já é suficiente para basearmos a sua possível idade, pois o autor
o cita como um jovem de 20 anos, levando em questão que a crônica
foi feita no ano de 1944, podemos então levantar a hipótese que o
mesmo teria nascido em 1920; porém por falta de provas concretas
ficaremos apenas nas suposições mesmo.
No
ano de 1948, o repórter Cláudio Tavares, da revista "O
Cruzeiro", fez uma longa entrevista com o mestre e os seus
alunos, onde o título do texto era "Zum, Zum, Zum Capoeira mata
um". Na ocasião em questão o mestre disse a seguinte frase "
a minha cachaça é a capoeira", fazendo alusão a outros
estivadores que aproveitavam os seus respectivos horários de almoço
para bebedeiras onde aa confusões eram inevitáveis. Segundo
Tavares, não era um malandro, nem um profissional exclusivo de
capoeira, que pudesse ser contratado para qualquer "servicinho"
a mando dos grandões, como outros capoeiristas da época, Juvenal
era um trabalhador, um estivador que passava as horas do dia e até
da noite no "pesado".
A
revista o cruzeiro foi fundada no ano de 1928 e durante as primeiras
décadas do séc. XX, a mesma é tida como o maior veículo de
informações jornalísticas do período em questão. No ano de 1946
o time de jornalistas da revista foi reforçado com a contratação
do fotógrafo francês Pierre Verger. Esse por sinal, é o pioneiro
entre os fotógrafos que retratou a cultura afro brasileira, as suas
fotografias são registros de muita valia para os atuais
profissionais da área das pesquisas, quando se trata das décadas de
30 até 60 do séc. XX. Inclusive foi o próprio, o fotógrafo dá
entrevista em questão.
Texto
Antônio Luiz dos Santos Campos (boa alma)
Antônio Luiz dos Santos Campos (boa alma)
Créditos ver: https://www.facebook.com/lula.campos.161
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