NA
UNIVERSIDADE
No Rio,
a capoeira fez vestibular e passou. Dois capoeiristas do Grupo
Senzala, Fernando Campelo (Gato) e seu irmão Gil, ensinam capoeira
na PUC, há dois anos. Também na Fundação Getúlio Vargas, o
estudante de administração Rafael Viana vem ensinando a luta aos
colegas de escola, há um ano.
No
Grupo Senzala, com sede na rua Cosme Velho 485. a maioria dos seus
123 alunos é de universitários. Esse Grupo ganhou três vezes
seguidas, o troféu Berimbau de Ouro, em um torneio promovido pela
Feira da Providência, entre as academias da Guanabara.
Quem
visita a academia Senzala tem uma visão diferente daquela que a
capoeira deixava no início do século. Lá se pode ver o que é a
capoeira, tanto na sua forma folclórica como na sua forma de defesa
pessoal. São dezenas de rapazes se exercitando amigavelmente,
encarando a capoeira como um esporte, e mais: como o esporte
nacional.
O JOGO
A
beleza da capoeira, que a faz parecer uma dança, é uma consequência
natural do desenrolar da luta. Um princípio básico é não oferecer
resistência aos golpes, esquivando-se sempre, mas sem se afastar
muito do adversário. É preciso ficar a uma distância que permita o
contra-ataque. Nos treinos ou exibições, os capoeiristas se
esquivam e contra-atacam seguidamente sem se atingirem uns aos
outros. Os movimentos se tornam contínuos e, consequentemente,
bonitos.
Há
também a ginga, que é o movimento de aproximação e afastamento do
adversário. Gingando é que o capoeirista escolhe a melhor maneira
de aplicar os golpes. Tudo isso e mais a música, que ritmo nos
movimentos, faz a capoeira parecer inofensiva, e mais uma dança. Mas
é justamente da violência de certos golpes que os capoeiristas
procuram não se acertar um ao outro. O jogo tem de ser eminentemente
técnico, porque os golpes rodados (girando em volta do próprio
corpo), característicos de luta, quando aplicados com violência,
não podem ser contidos e, fatalmente provocariam certas lesões nos
competidores.
Basicamente
existem dois tipos de capoeira atualmente: a regional e a Angola. A
regional (nome dado pelo Mestre Bimba) e jogada com movimentos e
ritmos rápidos, com os capoeiristas de pé – jogo alto – e é
mais agressiva. A capoeira de Angola, mais maliciosa, é jogada mais
no chão – jogo baixo.
JB – 15 de dezembro de 1970. Cesarion C. Praxedes
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