quinta-feira, 30 de julho de 2015

CAPOEIRA DANÇA-LUTA À BRASILEIRA (parte III)


NA UNIVERSIDADE
No Rio, a capoeira fez vestibular e passou. Dois capoeiristas do Grupo Senzala, Fernando Campelo (Gato) e seu irmão Gil, ensinam capoeira na PUC, há dois anos. Também na Fundação Getúlio Vargas, o estudante de administração Rafael Viana vem ensinando a luta aos colegas de escola, há um ano.
No Grupo Senzala, com sede na rua Cosme Velho 485. a maioria dos seus 123 alunos é de universitários. Esse Grupo ganhou três vezes seguidas, o troféu Berimbau de Ouro, em um torneio promovido pela Feira da Providência, entre as academias da Guanabara.
Quem visita a academia Senzala tem uma visão diferente daquela que a capoeira deixava no início do século. Lá se pode ver o que é a capoeira, tanto na sua forma folclórica como na sua forma de defesa pessoal. São dezenas de rapazes se exercitando amigavelmente, encarando a capoeira como um esporte, e mais: como o esporte nacional.


O JOGO
A beleza da capoeira, que a faz parecer uma dança, é uma consequência natural do desenrolar da luta. Um princípio básico é não oferecer resistência aos golpes, esquivando-se sempre, mas sem se afastar muito do adversário. É preciso ficar a uma distância que permita o contra-ataque. Nos treinos ou exibições, os capoeiristas se esquivam e contra-atacam seguidamente sem se atingirem uns aos outros. Os movimentos se tornam contínuos e, consequentemente, bonitos.
Há também a ginga, que é o movimento de aproximação e afastamento do adversário. Gingando é que o capoeirista escolhe a melhor maneira de aplicar os golpes. Tudo isso e mais a música, que ritmo nos movimentos, faz a capoeira parecer inofensiva, e mais uma dança. Mas é justamente da violência de certos golpes que os capoeiristas procuram não se acertar um ao outro. O jogo tem de ser eminentemente técnico, porque os golpes rodados (girando em volta do próprio corpo), característicos de luta, quando aplicados com violência, não podem ser contidos e, fatalmente provocariam certas lesões nos competidores.
Basicamente existem dois tipos de capoeira atualmente: a regional e a Angola. A regional (nome dado pelo Mestre Bimba) e jogada com movimentos e ritmos rápidos, com os capoeiristas de pé – jogo alto – e é mais agressiva. A capoeira de Angola, mais maliciosa, é jogada mais no chão – jogo baixo.

JB – 15 de dezembro de 1970. Cesarion C. Praxedes

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