Constatamos ao longo dos últimos anos um conjunto de iniciativas que tentam tomar a direção da Capoeira. Essas iniciativas visam impor uma caracterização de maneira unilateral, sempre com objetivos de institucionalizar e aparelhar a Capoeira para atender a manobras políticas que favorecem a pequenos grupos.
Fomos
surpreendidos por um vídeo divulgado nas redes sociais, onde a
representante do Desporto Nacional, senhora Marta Cléria Lima, expõe
que foi aprovado internamente, por solicitação das federações
estaduais, o reconhecimento da Capoeira como esporte pelo Ministério
do Esporte e pelo Conselho Federal de Educação Física (e suas
representações regionais). Expõe ainda que a Confederação
Brasileira de Capoeira – CBC, pede que a mesma não seja
reconhecida como modalidade desportiva já que as Confederações,
Federações e Ligas poderão perder o acesso aos recursos destinados
à Capoeira pela Cultura.
Cabe
ressaltar que este pedido do presidente da CBC vai de encontro a sua
participação em Audiência Pública realizada no Senado Federal no
dia 07 de maio de 2014, onde o mesmo defendeu a aprovação do PLC
031/2009 e o caráter desportivo da Capoeira.
Inicialmente
nos perguntamos: quem faria esta proposição sendo a Capoeira uma
manifestação humana e tradicional impossível de ser caracterizada
de maneira unilateral?
Provavelmente
algum não capoeirista! Ou, ainda, algum parlamentar desatento as
reais demandas da Capoeira e de de seus praticantes, Capoeiristas de
fato e direito! Ou, ainda, qualquer outro desconhecedor da real
complexidade da Capoeira e da sua ampla expressão de caráter
cultural e social, visto que a mesma é reconhecida como Patrimônio
Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan e como Patrimônio Cultural
Imaterial da Humanidade pela UNESCO, órgão da Organização das
Nações Unidas – ONU.
Provavelmente
com o objetivo de deter o controle da Capoeira e assim
controlar milhares de capoeiristas, obtendo com isso benefícios econômicos e políticos através de manobras para instituições como o sistema Cref/Confef, por exemplo, que tenta historicamente controlar todas as manifestações relacionadas com o movimento.
controlar milhares de capoeiristas, obtendo com isso benefícios econômicos e políticos através de manobras para instituições como o sistema Cref/Confef, por exemplo, que tenta historicamente controlar todas as manifestações relacionadas com o movimento.
Por
fim, constatamos que esta iniciativa, além de implodir culturalmente
a Capoeira e assassinar as tradições, ao reconhecer a mesma de
maneira unilateral como esporte, não representa os interesses dos
capoeiristas!
Ela
é pensada, portanto, de forma autoritária, de cima para baixo,
demonstrando estar ligada a interesses de oportunistas e burocratas
que buscam beneficiar as instituições de aparelhamento como o
Sistema Cref/Confef, entre outras a saber.
Assim,
a Rede
Nacional de Ação pela Capoeira e
todos e todas que a compõe repudiam toda e qualquer tentativa de
políticas públicas que comprometam a Liberdade, a Autonomia e a
Tradição da Capoeira e do Capoeiristas, os verdadeiros detentores
da transmissão oral e corporal deste importante instrumento secular
de inclusão social e cultural da sociedade no Brasil e no Mundo.
Coletivo da
Rede Nacional de Ação Pela Capoeira
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