quinta-feira, 16 de julho de 2015

REDE NACIONAL DE AÇÃO PELA CAPOEIRA


Constatamos ao longo dos últimos anos um conjunto de iniciativas que tentam tomar a direção da Capoeira. Essas iniciativas visam impor uma caracterização de maneira unilateral, sempre com objetivos de institucionalizar e aparelhar a Capoeira para atender a manobras políticas que favorecem a pequenos grupos.
Fomos surpreendidos por um vídeo divulgado nas redes sociais, onde a representante do Desporto Nacional, senhora Marta Cléria Lima, expõe que foi aprovado internamente, por solicitação das federações estaduais, o reconhecimento da Capoeira como esporte pelo Ministério do Esporte e pelo Conselho Federal de Educação Física (e suas representações regionais). Expõe ainda que a Confederação Brasileira de Capoeira – CBC, pede que a mesma não seja reconhecida como modalidade desportiva já que as Confederações, Federações e Ligas poderão perder o acesso aos recursos destinados à Capoeira pela Cultura.

Cabe ressaltar que este pedido do presidente da CBC vai de encontro a sua participação em Audiência Pública realizada no Senado Federal no dia 07 de maio de 2014, onde o mesmo defendeu a aprovação do PLC 031/2009 e o caráter desportivo da Capoeira.
Inicialmente nos perguntamos: quem faria esta proposição sendo a Capoeira uma manifestação humana e tradicional impossível de ser caracterizada de maneira unilateral?
Provavelmente algum não capoeirista! Ou, ainda, algum parlamentar desatento as reais demandas da Capoeira e de de seus praticantes, Capoeiristas de fato e direito! Ou, ainda, qualquer outro desconhecedor da real complexidade da Capoeira e da sua ampla expressão de caráter cultural e social, visto que a mesma é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan e como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas – ONU.
Provavelmente com o objetivo de deter o controle da Capoeira e assim
controlar milhares de capoeiristas, obtendo com isso benefícios econômicos e políticos através de manobras para instituições como o sistema Cref/Confef, por exemplo, que tenta historicamente controlar todas as manifestações relacionadas com o movimento.
Por fim, constatamos que esta iniciativa, além de implodir culturalmente a Capoeira e assassinar as tradições, ao reconhecer a mesma de maneira unilateral como esporte, não representa os interesses dos capoeiristas!
Ela é pensada, portanto, de forma autoritária, de cima para baixo, demonstrando estar ligada a interesses de oportunistas e burocratas que buscam beneficiar as instituições de aparelhamento como o Sistema Cref/Confef, entre outras a saber.
Assim, a Rede Nacional de Ação pela Capoeira e todos e todas que a compõe repudiam toda e qualquer tentativa de políticas públicas que comprometam a Liberdade, a Autonomia e a Tradição da Capoeira e do Capoeiristas, os verdadeiros detentores da transmissão oral e corporal deste importante instrumento secular de inclusão social e cultural da sociedade no Brasil e no Mundo.
Coletivo da Rede Nacional de Ação Pela Capoeira



Nenhum comentário:

Postar um comentário